Monday 14 February 2011

[ Trinity ]

 

O Inverno de 2006 não foi particularmente rigoroso. É por vezes incrível como nos conseguimos lembrar mais facilmente dos detalhes que nos rodeiam quando vivemos acontecimentos marcantes. Não me lembro particularmente de 2005, ou 2004, mas o Inverno de 2006 ficará para a memória...

Continuo a pensar em por que ninguém me leva a sério quando digo que nunca é tarde de mais para lutarmos pela nossa felicidade... Pode ser um cliché, mas é a minha vida. A certa altura apercebi-me de que não era feliz, e que essa falta de felicidade era algo com o qual não poderia continuar a viver. Um raciocínio longo, que durou cerca de dois segundos, e que as pessoas que me são mais próximas conhecem em detalhe.

Incrível como passamos anos sem conseguirmos inspirar fundo para depois, de repente, sentirmos que todo o mundo reage a cada passo que damos, que aquilo que pensávamos ser uma certeza, aquela mediocridade sentimental em que tantos de nós vivemos e da qual pensamos que nunca nos escaparíamos, passa a ser algo do passado, a tornar-se a cada dia mais esbatido.

Pensei durante algum tempo que aquele sentimento avassalador de um amor que nos arrebata, que faz com que as letras das canções façam sentido, aquele amor puro e idílico era apenas fruto de peças literárias inspiradoras e dos argumentos bem estruturados de filmes que aprendemos a encarar como algo inatingível, um sonho. E todos sabemos desde pequenos que os sonhos são algo a que aspiramos, e não algo que podemos tornar realidade.

Mais do que isso, fruto de um fado centenário, fruto de um espírito sofrido e profundamente português, existe também a convicção de que o grande sentimento do amor está de forma indelével ligado ao grande sentimento da dor. Aquele Amor conturbado e retorcido que faz doer, e que as mentes mais fracas pensam ser o único verdadeiro. Simples de explicar, porque quem confunde amor com dor, claramente nunca amou, ou se amou, nunca foi correspondido da mesma forma.

Aprendi com o decorrer do tempo que é mais fácil acenar com a cabeça e sorrir do que explicar ao mundo que o mundo está errado, mas hoje não. Hoje é dia do Amor.

Hoje não é dia de "cá se vai andando", ou de "enfim, cá estamos", ou de "é difícil, mas sobrevivemos", hoje é o dia em que em todo o lado se oferecem postais com corações, e se apregoa, mesmo com desconhecimento de causa, um Amor que gostaria que todos experimentassem, nem que por um segundo apenas. Hoje é o dia em que posso dizer a verdade, colocar aqui uma foto de um coração, e ser confortavelmente confundido com mais um dos loucos enamorados do dia S. Valentim.


Mesmo sem o saber, o meu sonho tornou-se realidade no dia em que os nossos lábios se tocaram pela primeira vez, meu amor, e esse é um dia que recordarei em detalhe até ao fim dos tempos. Com certeza que já experimentaram como o tempo passa de forma diferente conforme as circunstâncias. Um filme que detestamos que parece demorar quatro horas apesar de só se terem passado noventa minutos, ou um livro que adoramos e que lemos em dez horas seguidas, parecendo que só se passaram dois minutos.

As manhãs transformam-se em tardes, o sol põe-se, e só reparamos que são duas da manhã quando sentimos o toque do empregado no café no ombro a dizer "desculpem interromper, mas daqui a pouco tenho de ser eu a abrir...". Três dias separados parecem duas semanas, e de repente damos por nós a escolher estrategicamente o sítio onde nos posicionamos nas chegadas do aeroporto para nos conseguirmos ver duas décimas de segundo mais cedo.

A [ Trinity ] foi oferecida no dia 14 de Fevereiro de 2007. Três alianças entrelaçadas que significam o que deve ser a relação entre duas pessoas: Amor, Amizade, Fidelidade... O mais próximo que se consegue aproximar de quatro pilares que são nossos, e tão longe de tudo aquilo que a nossa relação significa.

Quatro anos depois, inúmeros desafios ultrapassados de mãos dadas, olhos nos olhos, e sei que o sentimento que nos une é cada vez mais poderoso. Sei que o que acontece quando os nossos olhares se cruzam, sei o que acontece quando a nossa pele se toca, sei que a única coisa que precisamos para estarmos bem é estarmos juntos.

A verdade é que, apesar da correria do dia a dia, das horas a trabalhar, e de tudo o mais de que a nossa vida é feita, tudo me parece fácil, isto porque toda a força que tenho, todo o brilho nos olhos e cada sorriso nos lábios se deve apenas e só ao facto de nos termos encontrado.

Eu amo-te. Feliz Dia de S. Valentim.

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